
CHILE — Neste domingo (16), o Chile realiza um momento histórico: a primeira eleição obrigatória para presidente em 13 anos, com cerca de 15 milhões de eleitores comparecendo às urnas. Diferentemente das votações passadas, o não comparecimento implica multa de até R$ 534, garantindo participação máxima.
O cenário político é moldado por duas crises dominantes: segurança e imigração. Pesquisas revelam que 53% dos chilenos apontam insegurança e narcotráfico como principais problemas, enquanto 24% vivem com alto temor. Desde 2022, homicídios cresceram 42,8%, e 2 mil celulares são roubados diariamente — números que alimentam o discurso conservador.
A direita aproveitou esse medo. Dois candidatos libertários — Johanes Kaiser e José Antonio Kast — mobilizaram eleitores descontentes com o governo de Gabriel Boric. Kaiser, que defende pena de morte e se autoproclama o Javier Milei chileno, emerge como a maior surpresa. Pesquisas apontam polarização: Kast (21%), Kaiser (14%), Matthei centro-direita (14%) versus Jara, governista comunista (26%).
O segundo turno em 14 de dezembro é favorável à direita. Pesquisas indicam que Kast derrotaria Jara por 46% a 32%. A mudança radical de prioridades dos chilenos — de igualdade em 2019 para ordem e segurança em 2025 — marca uma “fadiga social” que impulsiona o conservadorismo.


