MP acusa comandante de balsa por assassinato de família inteira em Manicoré

MANICORÉ — Um acidente fluvial transformado em drama judicial. O Ministério Público do Amazonas moveu ação penal contra o piloto da balsa “Navegrãos XIII”, responsabilizando-o pela morte de quatro pessoas — uma mãe jovem e seus três filhos pequenos — em 17 de janeiro, no Rio Madeira, em Manicoré.

A embarcação, que seguia carregada de grãos, abalroou o flutuante “A Ser” na comunidade ribeirinha Urumatuba, por volta das 5h30, quando a família ainda dormia.

Vítimas

  • Talita Ferreira Lago, 22 anos;
  • três crianças: 1, 2 e 4 anos.

O promotor Venâncio Terra não poupou palavras:

“Foi um ato doloso. O comandante assumiu o risco de matar ao ignorar normas básicas de segurança.”

Provas da Marinha

Um laudo técnico da Capitania dos Portos listou três erros fatais:

  1. Aproximação perigosa da margem;
  2. Desacoplamento do empurrador de manobra;
  3. Silêncio total — nenhum sinal sonoro.

Acusação

  • 4 homicídios qualificados (vítimas sem chance de defesa + risco coletivo);
  • 2 tentativas de homicídio contra sobreviventes feridos;
  • R$ 50 mil de indenização por vítima (R$ 200 mil no total);
  • Cassação da habilitação náutica por 12 meses.

A Delegacia de Manicoré foi intimada a entregar, em 30 dias, documentos das crianças e o relatório de resgate.

O processo agora tramita na Vara Única de Manicoré. A denúncia, se aceita, pode levar o comandante a até 30 anos de prisão por cada morte.