Morcegos em áreas urbanas acendem alerta para raiva no Brasil

A principal causa da aproximação dos morcegos às zonas urbanas é a perda de seu habitat natural.

O aumento de registros de morcegos em áreas urbanas acendeu o alerta para o risco de transmissão da raiva, doença potencialmente fatal. Com o início do período reprodutivo, os animais têm deixado seus habitats naturais — muitos deles degradados pela ação humana — e invadido residências em cidades como Rio de Janeiro (RJ), Campo Grande (MS) e regiões da ilha de Marajó (PA).

Só no Rio, a central 1746 registrou 507 ocorrências de invasão por morcegos até setembro de 2025 — um salto de 80% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em Campo Grande, mais de 100 capturas foram feitas desde janeiro, com três animais confirmados como infectados pelo vírus da raiva.

Segundo a pesquisadora Elizabete Captivo, do Laboratório de Ecologia de Mamíferos da UERJ, a principal causa da aproximação dos morcegos às zonas urbanas é a perda de seu habitat natural. Embora a maioria apenas sobrevoe ou se alimente rapidamente antes de seguir viagem, há casos em que buscam abrigo em telhados, forros ou varandas.

As autoridades reforçam: nunca toque em um morcego, mesmo que aparente estar morto ou debilitado. A transmissão do vírus ocorre principalmente por mordida ou arranhão, mas também pode acontecer pelo contato com saliva em mucosas ou feridas. Animais domésticos devem ser mantidos longe, e a vacinação antirrábica em dia é essencial.

Em caso de entrada de morcego em residência, o recomendado é manter a calma, isolar o ambiente e acionar o centro de zoonoses local. A limpeza do local pode ser feita com água sanitária — exceto em casos de grande acúmulo de fezes ou urina, que exigem cuidados especiais.

A conscientização da população tem sido fundamental para o aumento dos registros, mas também para a prevenção de casos humanos da doença.