
SANTA CATARINA — A controvérsia envolvendo o vereador Mateus Batista (PL), de Joinville (SC), ganhou novo capítulo nesta segunda-feira (25). Depois de ser acusado de xenofobia ao afirmar que a presença de paraenses transformaria a cidade em um “favelão”, o parlamentar endureceu o discurso no plenário e disse que tanto Joinville quanto todo o estado de Santa Catarina correm o risco de virar “o próximo Rio de Janeiro” devido à chegada de migrantes do Norte e do Nordeste.
Batista voltou a se referir ao Pará como “lixo” e atacou o governador Helder Barbalho (MDB), chamando-o de “vagabundo”. O vereador defende a criação de um “controle migratório interno” para limitar a instalação de moradores vindos de outras regiões, proposta que afirma estar articulando com o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) em Brasília. A ideia prevê dar autonomia a municípios para restringir a entrada de novos habitantes.
O posicionamento provocou forte reação. A vereadora Vanessa da Rosa (PT) rebateu no plenário e lembrou que Joinville se desenvolveu historicamente pela contribuição de migrantes. Entidades de direitos humanos, lideranças sociais e vereadores de diferentes partidos classificaram as falas como discriminatórias e racistas. A Câmara Municipal de Belém aprovou moção de repúdio, e manifestações contrárias também foram registradas em Joinville.
Dados do IBGE mostram que o Pará é hoje o quarto estado que mais envia migrantes para a cidade, atrás de Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul. Grande parte desses trabalhadores atua em setores centrais da economia local, como a construção civil, os serviços e o comércio.
Desde que passou a defender restrições à migração, Batista afirma ter recebido ameaças de morte e registrou boletim de ocorrência na delegacia de Joinville. Ainda assim, ele mantém o discurso e diz que pretende avançar com a proposta de controle.


