
SÃO PAULO — Condenado a 280 anos de prisão por matar nove mulheres, Francisco de Assis Pereira, conhecido como Maníaco do Parque, pretende mudar de nome ao sair da cadeia. Ele deve ser libertado em 2028, após cumprir 30 anos de pena, tempo máximo previsto pela legislação da época de sua condenação.
Francisco cumpre pena na Penitenciária de Iaras, no interior paulista. Atualmente, divide cela com outros seis condenados por crimes sexuais. Em entrevista concedida em 2024 à psicóloga forense Simone Lopes Bravo, afirmou que se considera “um novo homem”.
A saída da prisão será direta, sem progressão de regime ou exame criminológico, já que esse tipo de avaliação não é obrigatório em casos com cumprimento integral da pena.
Crimes chocaram o país
Entre 1997 e 1998, Francisco atraiu mulheres ao Parque Ibirapuera com promessas de trabalho como modelo. Abordava as vítimas, levava para áreas isoladas e, em muitos casos, cometia violência sexual antes de matá-las. Nove mulheres foram assassinadas. Ele também confessou que retornava ao local para se masturbar diante dos corpos.
Em seu relato, contou que algumas vítimas foram poupadas. Segundo ele, simplesmente desistia e as levava de volta. “Nem um beijo”, garantiu.
O criminoso afirmou que seus impulsos começaram na infância, ao ter contato precoce com pornografia. Disse ainda que, na adolescência, viveu uma fase de comportamento sexual intenso, marcada por descontrole emocional. Justificou os crimes dizendo que era dominado por pensamentos incontroláveis.
Conversão e alegação de mudança
Francisco diz ter se convertido ao evangelismo em 1999, dentro da penitenciária de Itaí. Desde então, afirma não ter mais pensamentos violentos. “Até quando estou caminhando, estou meditando na palavra”, disse.
Apesar da religiosidade, afirma não se arrepender de forma pública. “Deus já me perdoou”, declarou. Quando questionado se gostaria de pedir desculpas às famílias, respondeu apenas que “a conversão é o único caminho”.
Relação com psicóloga gerou livro
A entrevista que originou essas revelações faz parte do livro “Maníaco do Parque: a loucura lúcida”, da psicóloga Simone Lopes Bravo. A profissional, que mora em Portugal, iniciou contato por carta com vários criminosos, mas apenas Francisco respondeu.
Ela contratou uma advogada no Brasil e conseguiu ser incluída como visitante regular. Segundo o prontuário, ela entrou como “amiga”, após a mãe de Francisco ser removida da lista de visitas — em troca de pagamento, segundo relato da própria mãe.
Simone afirma que deixou claro desde o início que o vínculo era profissional, e que seu objetivo era produzir um estudo sobre o perfil do criminoso.
Estado de saúde atual
Hoje com sobrepeso, Francisco pesa cerca de 120 quilos e perdeu todos os dentes devido a uma doença genética rara chamada amelogênese imperfeita, que afeta o esmalte dental. A condição foi confirmada por médicos da penitenciária.


