Semsa faz triagem de hanseníase em presídio feminino de Manaus

Triagem busca casos precoces entre internas e agentes penitenciárias.

MANAUS — Pela primeira vez, a hanseníase está sendo enfrentada com firmeza dentro de um presídio feminino em Manaus. Nesta segunda-feira (28/7), equipes da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) iniciaram uma ação inédita de busca ativa da doença entre mulheres privadas de liberdade e agentes penitenciárias do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), localizado no km 8 da BR-174.

Durante cinco dias, questionários de rastreio serão aplicados pessoalmente a cerca de 200 internas e 20 servidoras da unidade. A ação acontece sempre das 9h às 12h e é conduzida por profissionais do Núcleo de Controle da Hanseníase (Nuhan) e do Distrito de Saúde Norte da Semsa.

Por que isso importa?

A hanseníase é uma doença silenciosa, mas devastadora quando não diagnosticada a tempo. Ela ataca a pele e os nervos, podendo causar deformidades, dores crônicas e exclusão social. O mais grave: muita gente nem sabe que está doente.

É por isso que agir preventivamente salva vidas — especialmente em ambientes como o sistema prisional, onde o contato próximo e prolongado pode facilitar a transmissão.

Como funciona a ação no presídio

O instrumento central da triagem é o QSH (Questionário de Suspeição de Hanseníase), que investiga sinais como manchas na pele, perda de sensibilidade, fisgadas, formigamentos e alterações em nervos periféricos.

Se houver indícios da doença, a pessoa será avaliada por uma equipe médica imediatamente, dentro da própria unidade. Em caso de confirmação, o tratamento será iniciado sem demora.

“Quanto mais cedo for identificado o caso, maior a chance de cura e menor o risco de sequelas irreversíveis”, explica Ana Cristina Malveira, chefe do Nuhan.

Atenção à população vulnerável

Ana Cristina ressalta que o mesmo questionário já é utilizado com alunos da rede pública, famílias de pessoas infectadas e comunidades vulneráveis. A metodologia é adaptável e pode ser aplicada presencialmente ou on-line.

No Compaj, por se tratar de uma população em situação de reclusão, a aplicação será presencial — garantindo abordagem individualizada e humanizada.

“Começamos pela unidade feminina por ser menor, mas a próxima etapa será nas alas masculinas do complexo”, antecipa a gestora.

O que é hanseníase?

A hanseníase é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium leprae (bacilo de Hansen). Transmite-se pelo contato direto e prolongado com pessoas doentes e sem tratamento, por meio de secreções das vias respiratórias — como gotículas de fala, tosse ou espirros.

Principais sinais de alerta:

  • Manchas brancas ou avermelhadas com perda de sensibilidade
  • Dormência, fisgadas ou formigamentos nos braços, pernas, mãos ou pés
  • Perda de força muscular
  • Caroços no corpo e feridas que não cicatrizam

Se diagnosticada no início, a hanseníase tem cura, e o tratamento é oferecido gratuitamente nas unidades básicas de saúde.

Por que falar sobre hanseníase ainda é urgente?

Muitos casos seguem invisíveis, justamente por causa do medo, preconceito e desinformação. Em ambientes fechados, como escolas, comunidades carentes ou presídios, a detecção precoce é ainda mais crucial.

A ação no Compaj é mais do que uma triagem. É um passo firme para quebrar o ciclo do silêncio e do abandono.