
Em um mundo cada vez mais dependente de geolocalização, surge a dúvida: seria possível “desligar” o GPS para um país inteiro? Especialistas consultados revelam que, embora tecnicamente complexo, existem formas de interferência – mas com consequências globais. O sistema, criado pelos EUA para fins militares nos anos 1970, hoje é essencial para desde aplicativos de celular até o controle do tráfego aéreo mundial.
Como 24 satélites nos localizam com precisão
A rede GPS funciona como uma orquestra espacial: 24 satélites em órbitas estratégicas emitem sinais de rádio constantemente. Seu receptor – seja um smartphone ou uma tornozeleira eletrônica – calcula sua posição comparando os tempos de chegada desses sinais. A precisão? De metros, graças a relógios atômicos a bordo. Curiosamente, o sistema militar (PPS) é 10 vezes mais preciso que o civil (SPS) – mas ambos dependem da mesma constelação de satélites.
Jamming e spoofing: as armas da guerra eletrônica
Enquanto bloquear totalmente o GPS para um país seria como “apagar a TV aberta só para um bairro”, técnicas locais existem. O jamming satura as frequências GPS com ruído – método usado pela Rússia na Ucrânia. Já o spoofing é mais sofisticado: envia falsos sinais que “enganam” receptores. Em 2024, um avião britânico teve seu GPS falsificado próximo à Rússia, desviando-o de sua rota. “São atos de sabotagem com impacto limitado”, explica o engenheiro Eduardo Tude.
Planos B globais: do GLONASS ao BeiDou
Se o GPS falhasse, não estaríamos perdidos. Sistemas alternativos como o russo GLONASS, o chinês BeiDou e o europeu Galileo já equipam a maioria dos dispositivos. “O Brasil não ficaria no escuro”, afirma a astrofísica Ana Apleiade. Porém, uma interrupção ainda causaria caos na aviação, redes elétricas e transações bancárias – que dependem da precisão de nanossegundos do GPS. A boa notícia? Desligá-lo seria um tiro no pé até para os EUA, cuja economia também depende do sistema.


