Juíza é demitida por decisões idênticas no RS

Angélica recorreu da decisão, argumentando que os critérios de avaliação não haviam sido devidamente apresentados.

Angélica Chamon Layoun, juíza de 39 anos, foi demitida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) após investigação revelar o uso de decisões idênticas em cerca de 2 mil processos na 2ª Vara Cível de Cachoeira do Sul, onde atuava desde 2022. A magistrada, que iniciou a carreira em Pernambuco e assumiu o cargo no RS após superar uma reprovação inicial no concurso via mandado de segurança no STJ, também desarquivou processos julgados para emitir novas sentenças padronizadas, visando aumentar a produtividade.

A demissão, assinada em 3 de julho de 2025 pelo desembargador Alberto Delgado Neto, foi confirmada em maio após um Processo Administrativo Disciplinar (PAD). A defesa de Angélica, liderada por Nilson de Oliveira Rodrigues Filho e Pedro Henrique Ferreira Leite, contesta a decisão, considerando-a desproporcional e sem prova de má-fé. Eles protocolaram um pedido de revisão disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), alegando vícios no processo e destacando que a juíza enfrentou uma vara desorganizada, com grande passivo processual e resistências internas.

A defesa argumenta que Angélica, mãe de uma criança com transtorno do espectro autista, enfrentou discriminação por ser mulher e de outro estado, além de desafios na conciliação entre deveres profissionais e maternidade. Eles defendem que medidas pedagógicas, e não a demissão, seriam mais adequadas, e confiam que o CNJ revisará o caso com isenção, considerando a boa-fé da magistrada e as dificuldades operacionais enfrentadas.