Vereador de Envira é preso por violência doméstica contra companheira

O caso expõe não só a brutalidade da violência doméstica, mas também a vulnerabilidade de vítimas que convivem anos com seus agressores.

A polícia prendeu na última sexta-feira (4) o vereador Francisco Alves da Costa, conhecido como “Dinho Alves”, acusado de agredir e ameaçar sua companheira durante mais de uma década. O caso, que chocou o município de Envira, no interior do Amazonas, revela um histórico de violência física, psicológica e patrimonial contra a mulher, que hoje tem 27 anos, mas tinha apenas 16 quando o relacionamento começou.

Uma história de terror doméstico

Tudo começou em 2013, quando a jovem, ainda adolescente, iniciou um relacionamento com o político, 25 anos mais velho. Desde então, as agressões se tornaram frequentes. Tapas, chutes, puxões de cabelo e humilhações na frente da própria filha do casal marcaram esses anos. Ameaças de morte eram comuns, mas o medo a impedia de denunciar.

A situação piorou quando ela decidiu romper o ciclo de violência. Ao se recusar a voltar para a casa do vereador, ele destruiu seu celular e notebook, num claro ato de violência patrimonial. Foi a gota d’água. Com medo de ser assassinada, ela finalmente procurou a delegacia em junho deste ano.

A prisão e as consequências

A 66ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) agiu rapidamente. Com provas contundentes, a Justiça emitiu um mandado de prisão preventiva, além de autorizar busca e apreensão na casa do acusado. O delegado Henrique Maciel, responsável pelo caso, destacou a gravidade das agressões prolongadas e a necessidade da medida para proteger a vítima.

Enquanto Dinho Alves aguarda julgamento, a Câmara Municipal de Envira permanece em silêncio. O vereador, que era aliado do prefeito Ivon Rates (PSD), está afastado das atividades legislativas devido ao recesso parlamentar, que vai até o fim deste mês.

Um alerta para a sociedade

O caso expõe não só a brutalidade da violência doméstica, mas também a vulnerabilidade de vítimas que convivem anos com seus agressores. A diferença de idade e o início do relacionamento quando a vítima era menor de idade levantam questões sobre abuso e coerção.

A Polícia Civil reforça a importância de denúncias pelos canais Disque 180 ou 190, lembrando que a lei pode intervir antes que tragédias aconteçam. Enquanto isso, a ex-companheira do vereador tenta reconstruir a vida, longe do pesadelo que durou mais de dez anos.