A Última Despedida: O mundo se une no velório de Francisco

O velório público, iniciado sob a liderança do cardeal camerlengo Kevin Farrell, segue os rituais solenes reservados para os papas.

ROMA, ITÁLIA – O coração do Vaticano bate em compasso de luto e gratidão. Desde as primeiras horas desta quarta-feira (23), milhares de pessoas começaram a convergir para o local onde o corpo do Papa Francisco repousa, em um momento que mistura tradição religiosa com uma profunda conexão humana. É o adeus ao líder que, durante sua vida, transformou não apenas a Igreja Católica, mas também a forma como milhões de pessoas enxergam a fé, a solidariedade e o amor ao próximo.

O velório público, iniciado sob a liderança do cardeal camerlengo Kevin Farrell, segue os rituais solenes reservados para os papas. Mas algo neste momento vai além da liturgia. É possível sentir nas longas filas de fiéis, nos rostos emocionados e nas orações silenciosas, que esta não é apenas uma despedida formal – é uma celebração da vida de um homem cuja simplicidade tocou corações em todos os cantos do planeta.

“Ele era diferente”, disse Maria Santos, uma brasileira que viajou mais de 24 horas para estar presente. “Para mim, ele foi o papa dos pobres, daqueles que ninguém olha. E eu precisava dizer obrigada.” Histórias como a dela se repetem por toda parte. Pessoas comuns, muitas delas de origens humildes, têm encontrado na morte de Francisco uma oportunidade de expressar gratidão por suas palavras e ações, que sempre priorizaram os marginalizados e excluídos.

O local escolhido para o velório reflete a grandiosidade espiritual do pontífice. Enquanto seu corpo descansa em um espaço sagrado, cercado por símbolos da fé católica, os visitantes são convidados a refletir sobre os valores que Francisco defendeu: misericórdia, justiça social e diálogo inter-religioso. A cerimônia segue até as 18h (horário de Manaus) nesta quarta, com horários ampliados nos próximos dias para atender à demanda crescente.

No sábado (26), o corpo do pontífice será sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, um lugar que guardava um significado especial para ele. Segundo relatos, Francisco frequentemente visitava a basílica para rezar em silêncio, encontrando ali um refúgio de paz em meio às pressões de seu ministério. Agora, ela se tornará seu último lar terreno.

Enquanto isso, o Vaticano se prepara para receber líderes mundiais, autoridades religiosas e milhares de peregrinos. A transmissão ao vivo do evento tem permitido que pessoas de diferentes continentes acompanhem a cerimônia mesmo à distância. Para muitos, assistir ao velório pela tela é uma maneira de participar desse momento histórico, ainda que fisicamente impossibilitados de comparecer.

Francisco será lembrado não apenas como um papa, mas como um farol de esperança em tempos turbulentos. Sua mensagem de compaixão continua ecoando em cada gesto de bondade, em cada mão estendida a quem precisa. E agora, enquanto o mundo se despede, surge um convite silencioso: continuar vivendo conforme seus ensinamentos.

Ao final do dia, quando os portões forem fechados e o silêncio tomar conta do Vaticano, uma pergunta pairará no ar: como será a Igreja – e o mundo – sem Francisco? A resposta talvez esteja em cada pessoa que, inspirada por ele, decida fazer o bem, promover a paz e ser um instrumento de mudança. Porque, afinal, essa foi a verdadeira herança do papa que encantou o mundo.