Sobrevivente de acidente aéreo em Ubatuba relata medo antes da explosão

“Eu vi a pista acabando, eu falei ‘nossa, não vai dar’. Aí meio que meu cérebro bloqueou, eu não lembro de mais nada”, afirmou Bruno.

SÃO PAULO — Bruno Almeida Souza, 41, um dos sobreviventes da explosão de um avião no aeroporto de Ubatuba em janeiro deste ano, relatou em depoimento à Polícia Civil que percebeu a pista de pouso ser insuficiente e se assustou ao notar a tentativa do piloto de arremeter. O acidente ocorreu no dia 9 de janeiro, quando o Cessna 525 ultrapassou a pista, explodiu na Praia do Cruzeiro e deixou um morto e seis feridos. Após concluir o inquérito sem apontar a causa do desastre, a Polícia Civil enviou a investigação à Polícia Federal nesta segunda-feira (17).

“Eu vi a pista acabando, eu falei ‘nossa, não vai dar’. Aí meio que meu cérebro bloqueou, eu não lembro de mais nada”, afirmou Bruno. Ele contou que o piloto fez uma curva fechada para evitar um morro e demorou a tocar o solo. Após o pouso, o avião freou bruscamente, mas, em seguida, o piloto tentou arremeter. “Quando ele entrou para fazer a cabeceira, achei que ele fez uma curva muito fechada. Assim que ele tocou, acionou os freios e o reverso da turbina, mas de repente ele deu motor. E aí eu falei: ‘nossa, ele vai arremeter’”, detalhou. Sua última lembrança antes do impacto foi ver a pista terminando.

O relatório da Polícia Civil incluiu exames, entrevistas, laudos e fotografias do local, além do depoimento de Bruno. Dados técnicos revelam que o avião precisaria de mais espaço para pousar com segurança: a pista do aeroporto tem apenas 940 metros, enquanto o Cessna 525 necessita de 789 metros em condições ideais. A concessionária Rede VOA destacou que o clima estava ruim e a pista molhada. O caso agora segue sob análise da Justiça Federal, da PF e do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).