Jovem indígena isolado retorna para aldeia após contato em Lábrea

Equipes multidisciplinares da Funai e da Sesai mobilizaram-se para avaliar riscos epidemiológicos e orientar a população local sobre medidas de proteção.

LÁBREA, AM — Um indígena isolado, que surpreendeu moradores da comunidade ribeirinha Bela Rosa, em Lábrea (AM), ao adentrar o local na noite de quarta-feira (12), retornou à sua aldeia na tarde seguinte. Vestindo trajes tradicionais de fibras e descalço, o jovem aproximou-se da comunidade próxima à Base de Proteção Etnoambiental Mamoriá Grande, região do Rio Purus, onde a presença de povos isolados foi confirmada há três anos. Após breve interação, ele desapareceu novamente na floresta, reacendendo debates sobre a delicadeza desses encontros.

Equipes multidisciplinares da Funai e da Sesai mobilizaram-se para avaliar riscos epidemiológicos e orientar a população local sobre medidas de proteção. Duas frentes da Funai — incluindo a Frente Madeira-Purus e a CGiirc — seguem para a região, acompanhadas de profissionais de saúde, para monitorar a situação indefinidamente. A iniciativa visa evitar contágios e preservar a integridade do grupo isolado, cujo território é protegido pela TI Mamoriá Grande.

Destaque para a participação de uma indígena Juma na equipe da CGiirc, fluente em Kawahiva (possível língua do jovem) e especialista em monitorar povos isolados. Seu conhecimento ancestral e diplomacia cultural são chave para mediar a frágil fronteira entre mundos. Enquanto as equipes reforçam a vigilância, o episódio ressalta a teia de proteção necessária para equilibrar segurança sanitária e respeito à autonomia desses povos, guardiões invisíveis da Amazônia.