Zelensky declara que Brasil perdeu relevância na mediação da guerra

Além de Volodymyr Zelensky, outros funcionários do governo ucraniano também seriam alvos de assassinato.

SUIÇA — Em declarações feitas durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que o Brasil perdeu a oportunidade de atuar como mediador nas negociações de paz entre Ucrânia e Rússia. Segundo Zelensky, o “trem do Brasil já passou” nesse sentido, e o presidente Lula não é mais um ator relevante no conflito, posição que, segundo ele, se manterá mesmo com um possível retorno de uma certa figura política ao cenário estadunidense.

A declaração foi dada em resposta a uma pergunta da jornalista Bianca Rothier, da TV Globo. Zelensky relembrou um encontro prévio com Lula, no qual pediu parceria para o fim da guerra. No entanto, avalia que o presidente brasileiro não exerce mais influência no cenário do conflito.

Essa não é a primeira vez que Zelensky critica publicamente a postura do Brasil em relação à guerra. Ao longo de 2023, Lula tentou, sem sucesso, mediar um diálogo entre os dois países em conflito. O presidente brasileiro chegou a declarar que a Ucrânia também tinha responsabilidade pela guerra e que os Estados Unidos e a União Europeia contribuíam para a continuidade das hostilidades.

Em maio de 2024, Zelensky já havia afirmado que o governo brasileiro priorizava uma “aliança” com a Rússia, classificando-a como um país “agressor”. A relação entre Brasil e Rússia no âmbito dos Brics também foi mencionada. Em setembro, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, Zelensky expressou dúvidas sobre o “real interesse” de Brasil e China em liderar um diálogo entre Kiev e Moscou.

Lula, por sua vez, respondeu às críticas anteriores de Zelensky, reconhecendo a obrigação do ucraniano em defender a soberania de seu país. O presidente brasileiro também esclareceu que não havia uma proposta de paz formalizada por Brasil e China, mas sim a defesa da necessidade de iniciar um diálogo. Lula ainda aconselhou Zelensky a buscar uma solução diplomática, e não militar, para o conflito.