Ney Latorraca morre aos 80 anos

O ator foi vítima de uma sepse pulmonar decorrente do agravamento de um câncer.

Santos, SP – O ator Ney Latorraca, um dos mais queridos e icônicos artistas do Brasil, faleceu nesta quinta-feira (26), aos 80 anos, vítima de uma sepse pulmonar decorrente do agravamento de um câncer. A notícia entristeceu admiradores de sua vasta carreira que começou nas ruas de Santos e se estendeu às telas de todo o país.

Nascido em 25 de julho de 1944, no litoral sul de São Paulo, Latorraca foi reconhecido nacionalmente por sua estreia na Rede Globo em 1975, na novela “Escalada”, que ainda era transmitida em preto e branco. No entanto, foi com personagens como o vampiro Vlad na novela “Vamp” (1991) e o inesquecível Barbosa do humorístico “TV Pirata” que ele se consolidou como um dos grandes nomes do entretenimento brasileiro.

Latorraca não deixou filhos, mas manteve um relacionamento de 29 anos com o também ator Edi Botelho. Sua vida pessoal, marcada por desafios e superações, foi tão emblemática quanto sua carreira. Em entrevista ao programa “Memória Globo”, ele revelou suas origens artísticas, filho de um cantor e uma corista, e como a necessidade de representar se tornou parte intrínseca de sua identidade.

“Eu aprendi desde pequeno que precisava representar para sobreviver”, disse Latorraca, refletindo sobre sua infância marcada por dificuldades econômicas, mas também por uma rica experiência cultural. Aos 19 anos, já em Santos, ele passou no primeiro teste para atuar na peça “Pluft, o Fantasminha”, de Maria Clara Machado, o que o incentivou a seguir a carreira artística.

Sua trajetória em São Paulo foi inicialmente interrompida pela censura do governo militar à peça “Reportagem de um Tempo Mau” no Teatro Arena. Após esse episódio, ele retornou a Santos, onde exerceu várias profissões, até voltar aos palcos e telas. Sua passagem pela TV Tupi, TV Cultura e TV Record marcou a diversidade de sua experiência antes de se estabelecer na Globo.

A perda de Ney Latorraca é sentida não apenas por sua família e amigos próximos, mas por todo um país que o viu crescer, rir e emocionar-se através de suas performances. Ele permanece uma figura central na memória cultural do Brasil, um lembrete do poder transformador da arte e da resiliência humana frente aos desafios da vida.