Mais de metade da população indígena (53,97% ou 914.746 pessoas) residia em áreas urbanas em 2022. Outros 780.090 indígenas (46,03%) moravam em áreas rurais. Desde 2010, houve um crescimento de 181,6% da população indígena vivendo em cidades, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As informações são do Censo Demográfico 2022: Indígenas — Principais características das pessoas e dos domicílios, por situação urbana e rural: Resultados do Universo, divulgado nesta quinta-feira (19).
Para Marta Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, as variações da população indígena de 2010 para 2022 não se devem exclusivamente a componentes demográficas ou a deslocamentos das áreas urbanas e rurais, mas também aos aprimoramentos metodológicos do Censo 2022, que permitiram captar melhor a população indígena, inclusive em áreas urbanas.
Esse é um dos motivos que explica como a população total de indígenas cresceu 88,96% em 12 anos. Como divulgado no ano passado, o salto foi de 896.917 em 2010 para 1.694.836 em 2022. Atualmente, os indígenas representam 0,83% da população brasileira.
Destaques regionais
Os estados com maiores percentuais de indígenas em áreas urbanas em 2022 foram Goiás (95,52%), Rio de Janeiro (94,59%) e Distrito Federal (91,84%). Por outro lado, Mato Grosso (82,66%), Maranhão (79,54%) e Tocantins (79,05%) apresentaram as maiores proporções de indígenas em áreas rurais.
No Amazonas, que abriga 28,44% da população indígena do país, 95,16% dos municípios tiveram perda na população indígena em áreas rurais. Cenário semelhante foi registrado em Roraima e Acre.
Perfil etário e gênero
A idade mediana da população indígena é de 25 anos, menor que a mediana nacional, de 35 anos. Em áreas urbanas fora de terras indígenas, a idade mediana é de 32 anos, enquanto em áreas rurais dentro de terras indígenas é de 18 anos.
A razão de sexo também apresenta variações. Dentro de terras indígenas, há mais homens do que mulheres (104,9 homens para cada 100 mulheres). Em áreas urbanas fora de terras indígenas, o cenário se inverte: há 89,37 homens para cada 100 mulheres.
Educação e registro de nascimento
A taxa de analfabetismo entre indígenas caiu de 23,40% em 2010 para 15,05% em 2022. Em áreas rurais, a redução foi mais acentuada: de 32,16% para 20,80%. Em áreas urbanas, o índice passou de 12,29% para 10,86%.
Quanto aos registros de nascimento, 94,09% das crianças indígenas até cinco anos possuem registro em cartório ou Registro Administrativo de Nascimento Indígena (RANI). Esse percentual é inferior à média nacional, de 99,32%.
Acesso a saneamento básico
Apesar do avanço na urbanização, os indígenas em áreas urbanas enfrentam desigualdades no acesso a serviços básicos. Apenas 89,92% dos domicílios indígenas em áreas urbanas fora de terras indígenas têm acesso à água canalizada, enquanto a média nacional é de 97,28%.