Manaus entre as cidades mais sujas e negligentes do Brasil

A gestão inadequada dos resíduos sólidos é uma problemática crescente no Brasil, especialmente na região Norte, onde os índices são alarmantes.

Segundo uma reportagem assinada por Vinicius Sassine na Folha de São Paulo, cidades amazônicas como Manaus estão entre as mais negligentes em relação ao manejo do lixo, contribuindo significativamente para a degradação ambiental e para a contaminação dos recursos hídricos locais.

A situação é crítica em diversos municípios da Amazônia. Em Breves, no Pará, o maior município do arquipélago do Marajó, o lixão contamina nascentes e poços de água em uma cidade onde uma parte significativa da população não tem acesso a água encanada.

O cenário de Breves é igualmente preocupante em Ananindeua, próximo a Belém, onde um lixão interditado para resíduos domésticos continua a receber entulho e móveis velhos.

Já Manaus, com seus 2 milhões de habitantes, enfrenta um grave problema com seu aterro controlado. Sem a proteção ambiental necessária, essa estrutura está mais próxima de um lixão do que de um aterro sanitário.

Recentemente, a Justiça permitiu a extensão do uso do lixão até 2028, inclusive com a ampliação da área em 20 hectares, apesar da necessidade urgente de tratar gás e chorume e de construir um aterro sanitário adequado. Como se vê, a capital amazonense virou lixão mesmo, quase sem jeito.

Manaus representa um dos maiores desafios do Brasil em termos de gestão de resíduos sólidos. A negligência e a falta de infraestrutura degradam o meio ambiente e comprometem a saúde pública.

É imperativo que as autoridades e a sociedade civil trabalhem em conjunto para implementar soluções sustentáveis e eficazes para tirar a maior capital da Amazônia do caos de sujeira em que se encontra, sem esperança de futuro limpo e saudável para seus habitantes.

Os piores indicadores

O último panorama dos resíduos sólidos no Brasil, elaborado pela Abrema (Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente), aponta que a região Norte possui os piores indicadores de destinação de resíduos.

Em 2022, 63,4% dos resíduos tiveram destinação inadequada, sendo levados a lixões ou aterros controlados. O relatório indica que 68,9% das cidades no Norte possuem lixões, a pior proporção entre as cinco regiões brasileiras.

A coleta domiciliar de lixo também é extremamente deficiente na região. Dados do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento) mostram que a coleta não chega a 20,8% das casas no Norte.

Conforme a Folha, em Breves, por exemplo, menos da metade das casas tem coleta de lixo, e no lixão não há qualquer organização dos catadores ou triagem de lixo reciclável.

A presença de lixões em áreas ambientalmente sensíveis, como a Amazônia, aumenta significativamente os riscos de contaminação de biodiversidade e recursos hídricos. Além disso, a crise climática intensifica os desafios na gestão de resíduos, como evidenciado pela grande quantidade de lixo revelada nas margens dos rios durante a seca extrema de 2023.

Ações coordenadas e investimentos

A resolução da problemática dos resíduos sólidos na Amazônia exige ações coordenadas e investimentos robustos.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, serão necessários pelo menos R$ 3 bilhões, além de parcerias público-privadas na ordem de R$ 4 bilhões, para um programa eficaz de encerramento dos lixões. É fundamental promover a logística reversa, triagem de recicláveis e implementar tecnologias específicas para a região.

O problema é a ministra Marina Silva ser efetiva no cumprimento das metas que ela anuncia desde que assumiu a pasta do Meio Ambiente, principalmente quando as medidas devem focar o Estado do Amazonas, vide o caso da BR-319.

Por Juscelino Taketomi