O primeiro-ministro egípcio, Mustafa Madbuli, insistiu nesta terça-feira (31), em um local perto da fronteira com a Faixa de Gaza, que o seu país “nunca permitirá que a causa palestina seja liquidada” à custa do Egito, em referência à pressão israelense sobre o Cairo para que aceite o deslocamento de refugiados palestinos para o seu território.
“Como disse [o presidente egípcio, Abdel Fattah] al-Sisi, o Egito não permitirá que nada nos seja imposto ou que as causas regionais sejam liquidadas às nossas custas”, disse Madbuli em discurso em Al-Arish, no norte da península do Sinai, próxima da fronteira com a Faixa de Gaza.
Madbuli comentou que o Cairo vai expandir os planos de desenvolvimento e reconstrução do deserto do Sinai, com milhões de libras egípcias, nos próximos anos, “para que ninguém pense que o Egito vai abandonar o Sinai”.
Entre outros planos, destacou que o governo egípcio vai iniciar “a partir de amanhã” uma iniciativa que inclui a construção de uma “linha ferroviária de 500 km de comprimento”, uma rede rodoviária, corredores logísticos, a expansão e modernização do aeroporto e do porto de Al-Arish para se tornar um “porto mundial”, entre muitos outros projetos de desenvolvimento turístico, econômico e social.
“O objetivo é ligar o Sinai [às demais províncias do Egito] para acabar com o abandono [urbanização] que faz com que os outros tenham cobiça” nesse território, argumentou Madbuli.
A península do Sinai, também conhecida pelos egípcios como “Terra da Turquesa”, é uma zona desértica triangular no nordeste do Egito que foi ocupada por Israel na Guerra dos Seis Dias, de 1967, mas recuperada após a guerra de 1973 e o acordo de paz (1979), que levou à normalização das relações egípcio-israelenses.
“Vamos implementar projetos que transformarão esta região, especialmente o norte do Sinai, uma região de atração global que proporcionará milhares de oportunidades de emprego”, sublinhou Madbuli, em Al-Arish.
Madbuli avaliou em 363 bilhões de libras (US$ 11,766 bilhões) o valor de um plano quinzenal de desenvolvimento do Sinai, que disse ter sido “diretamente encomendado pelo presidente Sisi”, e que, segundo ele, “será implementado, na sua maior parte, nos próximos dois anos”.
Sisi, assim como o rei da Jordânia, Abdullah 2º, repudiou em várias ocasiões as pressões de Israel para que a população da Faixa de Gaza e da Cisjordânia se mudasse para território egípcio ou jordano.