BRASÍLIA — Perícia da Polícia Federal (PF) indicou que o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira foram mortos com tiros de uma arma de caça. Os exames também confirmaram que parte dos restos mortais são mesmo de Bruno. A identificação de parte do cadáver de Dom já havia sido feita, por meio da arcada dentária, conforme antecipou o R7 na sexta-feira (17).
De acordo com nota divulgada pela Polícia Federal, Bruno foi atingido por dois disparos no tórax e no abdômen e outro no rosto. O jornalista foi vítima de um disparo na região entre o tórax e o abdômen.
“Os trabalhos dos peritos do Instituto Nacional de Criminalística, nos próximos dias, serão concentrados nos exames de genética forense, antropologia forense e métodos complementares de medicina legal, para identificação completa dos remanescentes e compreensão da dinâmica dos eventos”, diz a nota.
Três pessoas já foram presas pelo crime — dois irmãos, Amarildo dos Santos, mais conhecido como “Pelado”, e Osoney da Costa, e Jeferson da Silva Lima, conhecido como “Pelado da Dinha”. Lima se entregou neste sábado (18). Ele era considerado foragido pela polícia, que investiga a participação dele nos crimes.
Amarildo teria confessado que matou o indigenista e o jornalista, esquartejou os corpos e ateou fogo neles com a ajuda do irmão. Ele indicou à polícia o local onde os cadáveres teriam sido enterrados.
Phillips e Pereira desapareceram na região do Vale do Javari, no Amazonas, no último dia 5. Eles partiram rumo à cidade de Atalaia do Norte, mas não chegaram ao destino. O jornalista e o indigenista, que era funcionário licenciado da Funai, pretendiam realizar entrevistas para a produção de um livro e reportagens sobre invasões nas terras indígenas da região.
O Vale do Javari é palco de conflitos que envolvem garimpo, extração de madeira, pesca ilegal e narcotráfico. Com 8,5 milhões de hectares, a terra indígena fica no extremo oeste do Amazonas, na fronteira com o Peru, e abriga ao menos 14 grupos isolados — a maior população indígena não contatada do mundo.
A área é a segunda maior terra indígena do país — atrás apenas da Yanomami, em Roraima, na divisa com a Venezuela, que tem 9,4 milhões de hectares — e tem acesso restrito, possível apenas por avião ou barco.
Neste domingo (19), o procurador-geral da República, Augusto Aras, vai a Tabatinga, no Amazonas, discutir a atuação do Ministério Público Federal (MPF) e a articulação com outras instituições públicas como forma de combater crimes na região.
Aras vai se reunir com os coordenadores das câmaras de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais e Criminal do MPF e com o procurador dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena. Também serão discutidas formas de enfrentamento a violações de direitos indígenas, diz nota divulgada pela instituição.