O estudo em andamento, Covac Manaus, conta com pouca adesão de servidores públicos municipais e estaduais de educação e segurança pública do Amazonas. A pesquisa busca identificar se a aplicação da vacina do tipo CoronaVac em pessoas com comorbidades terá impacto na prevenção de formas mais graves da doença.
Segundo a médica infectologista da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) e Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da UEA, Maria Paula Mourão, uma das pesquisadoras que conduz o estudo, a desinformação sobre a vacina tem atrapalhado o andamento da análise. ”As pessoas ainda têm muito preconceito com a CoronaVac, pois acham que não é eficaz, que vai fazer virar jacaré ou algo assim. […] Além disso, quando dizemos que é um estudo, acham que estamos testando um novo imunizante nas pessoas ou dando placebo”, completa.
O projeto Covac Manaus visa antecipar a vacinação de profissionais da educação e da segurança pública da capital, com comorbidades e idades entre 18 e 49 anos, com o objetivo de avaliar se adiantar a imunização desse grupo de pessoas pode vir a evitar o contínuo aumento de casos graves da Covid-19. A captação de participantes está sendo feita na Escola Normal Superior da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), localizada na avenida Djalma Batista.
Onda de desinformação
Por se tratar de um estudo, não uma vacinação em massa, existe uma grande dificuldade em conseguir uma maior adesão do público alvo. Segundo dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema (IPCCB), órgão responsável pelo projeto, desde seu início, no dia 18, até a última segunda-feira (22), apenas 719 doses foram aplicadas. A pesquisa possui 10 mil doses do tipo CoronaVac doadas pelo Instituto Butantan exclusivamente para tal. O suficiente para vacinar 5 mil pessoas com as duas doses.
O imunizante em questão já foi aprovado para uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em janeiro deste ano e, junto com a vacina da Astrazeneca, compõe o rol de imunizantes que estão atualmente sendo aplicados no Programa Nacional de Imunização. O Instituto Butantan é o responsável por produzir a vacina e distribuir para todo o país. Ou seja, o mesmo imunizante utilizado na vacinação nacional é o que está sendo usado no Covac Manaus, não um novo em período de testes.
Covac Manaus
Aberta para servidores da segurança e da educação, às secretarias públicas fazem um levantamento de funcionários, com e sem comorbidades, que possam participar do estudo. Assim, caso tenham interesse em colaborar com a iniciativa, eles devem se dirigir a UEA e fazer exames básicos como aferir pressão, glicose, Índice de Massa Corporal e afins. Desta forma eles podem detectar comorbidades que o próprio voluntário não sabia possuir.
Apesar de ser um estudo voltado a avaliar a imunização de pessoas com comorbidades, a médica infectologista Maria Paula Mourão reitera que grupos sem comorbidades também podem participar do estudo. “Para poder analisar os resultados que queremos, como todos os estudos, precisamos de um contraponto. Por isso, mesmo que a pessoa não tenha comorbidade, mas queira participar do estudo, ela pode”, reforça.
Os interessados em participar da pesquisa devem preencher o formulário de cadastro e termo de consentimento, no site ipccb.org, e ficar atentos ao cronograma de chamada por grupo etário, que será divulgado no mesmo endereço eletrônico. Haverá dias específicos para cada grupo etário durante a semana e uma repescagem aos sábados. Eles serão acompanhados por 12 meses.
FONTE: EM TEMPO